sábado, 20 de março de 2010

Brinca Com Migo



Um palhaço a chorar a dizer para sair dali.
Chovia mas não saí. As camadas de gotas sobreponham-se em mim e nada.
Nao saí porque não me molho, não tenho alma, já não.
Não choro nem me molho, sorte a minha.
Esses que têm as almas a cheirar a novo apanham chuva demais.
E agarro uma das mãos à outra. Agarro a esquerda com a direita como se a primeira não fosse minha. E sinto cada dedo, ossos, a conhecê-la, a confirmar se aquela me pertence, mesmo minha.
Este agarrar de mãos é sempre à frente ou atrás das costas. Conhecem?
Agarramos as nossas porque ninguém as agarrou antes ou não apanhámos nenhumas soltas para pegar. Ou estamos à espera de?
Um dia destes pego numa caneta e escrevo um livro.