quarta-feira, 28 de março de 2007

Mundo descontente


Ele escreveu... "Não vou procurar quem espero, Se o que eu quero é navegar".

Eu, que espero, também não vou procurar. A única diferença está em que eu já ando a navegar.
Levo adiante uma travessia que está imersa em pensamentos confusos, que não me abandonam.
Desejo de evasão. Cansaço do timbre. Impaciência nas palavras. Sensações sórdidas, vazias... Sensações que já não o são mais, porque o corpo está, mas a cabeça vai longe.
Não vou procurar O que espero, porque tenho medo de perceber que a ilha, afinal, era outra. Por isso, prefiro ir navegando. Além do mais, acho que há mais que um navio à deriva neste oceano. O meu e O que espero.
Assumo, quero encontrá-lO. Não por agora, que as águas estão agitadas, as nuvens cinzentas e o vento não sabe que direcção tomar. Mas, quando encontrar a minha verdadeira rota, talvez o sol volte a brilhar.
Se não a encontrar eu, O que espero encontrará. E se não encontrar, é porque a minha desorientação neste mar, onde não há sinais de qualquer porto, não é um acaso, mas sim um desígnio mais alto que se impõe. É porque não tinha de ser. E contra isso não poderei lutar.

O sol voltou a brilhar lá fora. Agora.


Aqui fica o referido e sublime poema. Letra para música de Ornatos Violeta...

Capitão Romance

Não vou procurar quem espero
Se o que eu quero é navegar
Pelo tamanho das ondas
Conto não voltar

Parto rumo à primavera
Que em meu fundo se escondeu
Esqueço tudo do que eu sou capaz
Hoje o mar sou eu

Esperam-me ondas que persistem
Nunca param de bater
Esperam-me homens que desistem
Antes de morrer

Por querer mais do que a vida
Sou a sombra do que eu sou
E ao fim não toquei em nada
Do que em mim tocou
Eu vi
Mas não agarrei

Parto rumo à maravilha
Rumo à dor que houver pra vir
Se eu encontrar uma ilha
Paro para sentir

E dar sentido à viagem
Para sentir que eu sou capaz
Se o meu peito diz coragem
Volto a partir em paz

Eu vi
Mas não agarrei

Sem comentários: