sexta-feira, 2 de julho de 2010

Entrem que há muito espaço

Hoje vi que alguém chorava. Estava a chorar sem lágrimas. Um peso tão pesado que se abate nesse peito.
Porque choras? Não pergunto porque não te vejo lágrimas a cair cara abaixo, desenhando cada milímetro de expressão carregada e cinzenta. Ou não, não havia qualquer expressão.
Um choro sozinho e calado e omisso.
Lá fora passam os carros e as sirenes e as gargalhadas. Deixa-os rir, também tu já ris-te assim um dia.

Porque choras? Tudo tão bem! Tudo tão ideal e organizado, tudo tão com pés e cabeça. Cada folha na sua pasta, cada pasta na sua prateleira, cada prateleira na sua sala. Cada sala... São as salas!
Salas grandes demais e vazias demais.
Um coração grande demais, o problema é esse.

Deixa, agora não sabes o que fazer com tamanho espaço livre. Como pintá-lo, como aquecê-lo? Mas isto não há-de ser problema quando o espaço for preenchido verdadeiramente com o que está por surgir.
Estás à espera de quê? Vive, toca o violino da tua vida ou dá-lhe mais corda. Não olhes pela janela, vai lá e vê sem vidros ou paredes entre ti e a tua vida. Poque a tua vida é mesmo isso, TUA. Marca o compasso e conquista a tua ilha.

O espaço é cheio, nem que seja de nada. Um peixe nada no nada. Mas para ti o nada do peixe é a água que te dá vida. Portanto, o nada é muita coisa.

Hum...


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