quinta-feira, 21 de julho de 2011

faça-se ouvir

Não deixes que te mudem e não mudes por ninguém, dizia-lhe a mãe com olhos esbugalhados e com a sua mão quente pousada na mão dela, fria.
Mesmo com aquelas manias idiossincráticas e o moralismo exacerbado pela veia aristocrática mais valia deixar-se ser como era. afinal que mal poderia ter querer ser feliz e querer viver - ainda que à sua maneira! Que mal tem, um touro querer ser touro e ser mau e forte e aleijar o que se atravessa? Ele só está a ser ele.
Mas, às vezes, até o touro se curva. Ela viu isso naquela terra deserta, em que todo o nada se estendia a partir da arena até ao horizonte. e já viu homens curvarem-se que nem touros se curvam perante uma espada. Felizmente, já não vivemos no tempo das espadas, pensava ela enquanto piscava os olhos numa tentativa de afastar aquela imagem da cabeça.
Decidiu ouvir qualquer coisa. A música já era uma amiga íntima de longa data. Entrava e saía quando bem lhe apetecia; conhecendo os cantos à casa e ao corpo. Ela era já quase só música. Ela só tinha a sua música. A música sim, não a tentava mudar.... atendia, alertava, compreendia, reclamava, e sempre sempre a acompanhava, apenas.

Hoje é um duplo, por favor...


antes


e depois... em Leiria faz-se boa música. Silver, o single acabadinho de sair.

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