sexta-feira, 22 de junho de 2007

Porquê.


Mais do que escrever, mais do que ler comentários de outros que me leêm, mais do que comentar palavras e ideias de outros, gosto de ter um blog para poder ler o que escrevo. Não me tomem por narcisista...

Gosto da nostalgia desperta por palavras antigas. De reviver as emoções que um dia senti.

O tempo tem a capacidade de atenuar sentimentos. Claro que tinha mesmo de ser assim, julgo que seria incapaz de viver sentindo todas as emoções de toda a minha vida acumulada e simultaneamente. No entanto, isto pode ser também cruel. Por vezes, esquecemos a grandiosidade de pequenos momentos, de como uma certa pessoa nos fez reagir com um gesto inesperado da sua parte, da tristeza de não obter determinado objectivo que com o tempo se tornou fútil, mas que naquele momento era todo para nós. Não será este o processo que domina a perda de identidade?

Assim... Gosto de ler o meu blog. Gosto da ideia de que é possível refugiar-me na minha vida e vê-la de novo passar na tela, revivê-la cá dentro onde ninguém mais pode chegar porque mais ninguém pode sentir por mim.

Sorrio. Concluo que todo o passado, melhor ou pior, me faz sorrir. Aprendi e cresci com tudo o que vivi e consegui renovar o que tinha arquivado.

Finalmente, percebo. A verdade é que nunca esquecemos realmente o que vivemos. Podem faltar os rostos, os lugares, as datas (ou os blog's) mas toda a recordação está presente e cravada na nossa personalidade. Somos assustadoramente modificados pelo que vivenciamos. Seremos nós o que vivemos?

Ainda assim, gosto de ler palavras minhas. De certa forma, elas são a minha vida e, por isso, fazem-me crescer.



Fiquem com a estrada da vida...

1 comentário:

GuudTime disse...

Voltei a ler este post.
Agora sei o que responder.

Coloco-te a questão:

Não seriamos mais felizes se fossemos como os peixes que têm memória curta (apenas alguns segundos)?

Tudo, todos os dias, a todo o momento, seria novo para nós.

Acabariam-se as recordações dos maus momentos; e os bons momentos, poderiamos revive-los novamente com a mesma intensidade com que os vivemos na 1ª vez.

Poderia continuar a exortar sobre a feliz vida dos peixes. Mas isso não interessa a ninguém.

Não interessa porque somos Homens.

E porque toda esta exaltação ao esquecimento tem um pequeno senão:

Sem a memória longa, chamemos assim ao poder que temos de nos recordarmos de experiências que tivemos há alguns anos atrás; sem essa memória, alguma vez sentiriamos saudade? Nostalgia?

Alguma vez poderiamos sentir o que os nossos pais, irmãos e amigos mais velhos; e avós sentem quando nos dizem "Ah... no meu tempo é que era"?

Houve alguém que um dia disse: "Recordar é viver".


Agora entendo-o.


Kiss!